02 dezembro 2012

Alice #1

“I loved you like a man loves a woman he never touches, only writes to,
 keeps little photographs of.” 
— Charles Bukowski 

 Ele sabia exatamente o que fazer.  O que falar. Era e ainda é um amigo excepcional, que não importa quanto tempo passe, nunca passará pela sua cabeça que um dia ele poderia me deixar. Eu estava entre  a cruz e a espada; sentada sobre um gramado verde claro que se despunha como um grande tapete. Eu também estava longe de casa. Já havia conversado com uma ou duas fadas; elas costumam aparecer em dias difíceis. Os motivos pelos quais estou aqui em alfa, pensando sobre todas as minhas falhas e dúvidas, ainda não ficaram claros. Eu sempre venho parar no meio dos megalíticos do Stonehenge ou na entrada de algum templo egípcio destinado a Bastet ou Rá.  Nunca soube o "por quê" de vir para esses lugares. Minha mente poderia vagar pela Floresta da Tijuca ou pelo Arpoador. Pelo menos poderia pegar um ônibus e voltar para casa. 

Parei para olhar a entrada do círculo de pedra, o Sol batia a porta; e com ele as verdades. Verdades tão vivas quanto as coisas que os raios tocavam, coisas tão obvias que me cegavam. E então veio o insight. Umas mil horas ou alguns minutos, eu não sabia. Quando abri os olhos e parecia que tudo estava parado no tempo. Quanto tempo meditei? Talvez uma vida inteira, e agora seria tarde demais para colocar o que acabei de saber em prática. 
Mas eu tinha passado somente cinco minutos em alfa,  cinco eternos e inexplicáveis dos mesmos. E eu ainda sem acreditar que minutos mudavam vidas. Enfiei três peças de roupa na mochila, um óculos no rosto e coragem no bolso, caso precisasse. Peguei o ônibus azul, uma playlist inteira foi tocada até avistar o meu destino. Soltei. Anda, anda, e nunca chega. Cheguei. Toquei o interfone sem resposta e aguardei por algum tempo; um tempo demorado, em questão da minha pressa. Então ele veio, e apareceu um rosto surpreso e um sorriso generosos na minha frente.  Ah, que saudade! Exclamei abraçando-o, e recebi carinho e calor de volta. 
Eu devo ter ficado ali um dia ou dois.  Minhas roupas foram trocadas por camisas grandes, shorts e nos pés, chinelos.  Na verdade, não lembrava de nada depois que acordei do sonho. 



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